segunda-feira, 14 de julho de 2014

OS DIZERES DE UM SILÊNCIO...


Simples, rápido! 
E quanta força!
Imediatamente me veio à cabeça
Situações em que o silêncio
Disse-me verdades terríveis, pois,você sabe,
O silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo.
Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.
Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas.
Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão.
O perdão não vem,
Nem um beijo,
Nem uma gargalhada
Para acabar com o clima de tensão.
Só ele permanece imutável,
O silêncio, a ante-sala do fim.
É mil vezes preferível uma voz
Que diga coisas que a gente não quer ouvir,
Pois ao menos as palavras que são ditas
Indicam uma tentativa de entendimento.
Cordas vocais em funcionamento
Articulam argumentos,
Expõem suas queixas,
Jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
Que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.
Quantas vezes,
Numa discussão histérica,
Ouvimos um dos dois gritar:
“Diz alguma coisa, mas não fica aí parado me olhando!”
É o silêncio de um mandando más notícias
Para o desespero do outro.
É claro que há muitas situações
Em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua,
O silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
O silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
O silêncio é um sonho.
Mesmo no amor,
Quando a relação é sólida e madura,
O silêncio a dois não incomoda,
Pois é o silêncio da paz.
O único silêncio que perturba é aquele que fala.
E fala alto.
É quando ninguém bate à nossa porta,
Não há recados na secretária eletrônica
E mesmo assim você entende a mensagem.

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