A vida não é uma comédia romântica, então não quero
ser tratado como se estivesse em uma. Não quero receber flores, carro de som ou
uma “loucura de amor” em nosso aniversário de namoro. Prefiro um jantar feito
por você – ok, pode ser hambúrguer ou Miojo, sei que o fogão não é seu amigo –
um abraço bem dado ou um presentinho que lembre como a gente se conheceu.
Não quero ser
como a Julia Roberts em Uma Linda Mulher. Não sou puta e a história dela
é só dela. Prefiro construir a minha própria história, com você. Não quero
alianças de prata, ouro ou latão. Prefiro muito mais selar a nossa relação com
lealdade do que com um pedaço de metal. Não quero música para fazer sexo. Não
há diva do pop que faça um som melhor do que o nosso. Não quero ficar preso em
casa, fingindo que vivemos em um castelo e que a monarquia é melhor coisa do
mundo. As vezes tenho vontade de sair, sentar em um boteco com mesa de plástico
com marcas de cigarro, beber cerveja barata e depois ir para a balada dançar
sem medo de desmanchar o cabelo.
Não quero me espelhar em um grande sucesso
hollywoodiano. Não ligo em não receber a todo o momento uma mensagem de
“saudades”, desde que ela exista de alguma forma em ti. As vezes você não
precisa me contar o que está sentindo, que gostaria de estar perto ou que me
ama muito. Não precisa dizer essas coisas sempre, mesmo. Prefiro que você venha
me ver e matar a bendita saudade, ficar perto por poucas horas e emanar todo
esse amor que está aí dentro. As palavras são fortes e tem poder, de fato, mas
nada substitui um ato de afeto.
Sei que não posso dormir com você todos os dias, que não vamos nos
casar amanhã e muito menos que teremos uma festa de casamento digna de dar
inveja em tias encalhadas. Nosso relacionamento não é um desenho da Disney,
embora seja cheio de vilões que insistem em tentar acabar com o nosso
sentimento. Não durmo com você diariamente, mas garanto a melhor conchinha do
mundo quando isso acontece. Ainda não sei se vamos nos casar, ainda temos muito
chão antes de decidir. Nunca pensei se quero uma festa para duzentos
convidados, um jantar para nossos familiares ou só um “eu aceito” entre a
gente. Quanto aos vilões, eles vão continuar existindo, seja na cidade de
Townville ou aqui na rua de casa.
Não quero um amor clichê, pois amar não é
previsível, monótono, repetitivo ou trivial. Quero amar, todos os dias, da
maneira que sentirmos vontade, sem nos espelharmos em algo ou alguém. O amor,
quando é sempre igual, é par. Eu prefiro ser ímpar.